Preferência Temporal
No século XIX o Economista Austríaco, Bohm Bawerk, introduziu o que hoje conhecemos como preferência temporal. Nas palavras do Bawerk: “Bens presentes sempre têm mais valor do que bens futuros da mesma espécie e quantidade.”
Basicamente, a lei de preferência temporal diz que, ceteris paribus, os indivíduos preferem atingir os seus objetivos o mais rapidamente possível. Ou, dito de outra forma: Em igualdade de circunstâncias a satisfação presente é preferível a futura (SOTO, 2010).
É importante observar que a “taxa” de preferência temporal sempre será positiva, mas, embora positiva, ela vai variar de indivíduo para indivíduo. Inclusive, o mesmo indivíduo pode ter “taxas” de preferência temporal diferentes ao longo da vida.
Quando o agente está preocupado basicamente com o presente e pouco preocupado com o futuro, dizemos que ele tem uma alta preferência temporal.
Para fins didáticos, vejamos alguns exemplos de personagens – bem conhecidos do público em geral – que tem uma alta preferência temporal:
O Filho Pródigo, que ao gastar todo o adiantamento de sua herança em pouco tempo, demonstrou ter, naquela época, uma alta preferência temporal.
A Cigarra, da fábula a Cigarra e a Formiga, que ao se divertir e não poupar nada para o inverno, demonstrou possuir uma alta preferência temporal.
O irmão caçula, da história dos três porquinhos, é outro exemplo de alta preferência temporal. Ele constrói rapidamente uma casa de palha para poder sair para brincar.
Não existem apenas agentes com preferências temporais altas. Existem também aqueles com baixas preferências temporais.
Quando o agente está muito disposto a postergar sua satisfação presente por uma satisfação maior no futuro, dizemos que ele tem uma baixa preferência temporal.
Como exemplos de personagens com baixa preferência temporal temos:
A formiga, que consumia menos do que produzia. Ou seja, poupava para ter com o que se alimentar no inverno.
O porquinho mais velho, da história dos três porquinhos, que renunciou à sua diversão no presente para construir uma casa de tijolos que fosse capaz de resistir aos ataques dos predadores.
Um teste bem famoso criado no final dos anos 60 – conhecido como o teste do marshmallow – tinha como objetivo ver a capacidade de crianças a renunciar a um prazer imediato em troca de uma recompensa maior no futuro.
Basicamente, neste teste, é dito para a criança que se ela esperar sozinha na sala por um dado tempo – 15 minutos por exemplo – e não comer o doce que está na frente dela durante esse tempo, receberá como recompensa um segundo doce, tendo assim, dobrado a quantidade de doces que ela teria. Mas, se ela sair da sala e/ou comer o doce antes do fim dos 15 minutos, ela não iria receber a recompensa.
Admitindo que a criança gosta do doce em questão, e compreendendo o conceito de preferência temporal, podemos dizer que a criança que espera os 15 minutos sem comer o doce, demonstra ter uma baixa preferência temporal e a que come o doce antes e/ou sai da sala, muito provavelmente tem uma alta preferência temporal.
Como dito anteriormente, a taxa de preferência temporal de cada indivíduo não é fixa e as crianças geralmente têm preferências temporais mais altas que os adultos. Mas mesmo sabendo disso, podemos traçar um paralelo entre as crianças que esperam os 15 minutos para poder possuir mais doces no futuro e os adultos que poupam (renunciam ao consumo no presente) e alocam sua poupança em aplicações financeiras, para que no futuro possam ter mais recursos que no presente.
Referências
BÖHM-BAWERK, Eugene Von. Teoria positiva do capital. São Paulo: Nova Cultural, 1986.
SOTO, Jesús Huerta de. A Escola Austríaca: mercado e criatividade empresarial. São Paulo: Instituto Ludwig von Mises Brasil, 2010.
https://www.onze.com.br/blog/teste-do-marshmallow/ (Acesso: 07/12/2022).