O socialismo não é sobre eficiência
Socialismo tem a ver com “justiça social” ou, para utilizar um melhor termo, “justiça socialista”. Não se trata de construir uma sociedade próspera ou minimizar conflitos entre os indivíduos.
Os socialistas, essencialmente, querem assumir o controle dos meios de produção e querem criar um grande estado que terá controle absoluto de todos os aspectos da sociedade, através desse estado, eles desejam forçar a igualdade, pois isso é o que eles acreditam ser justo. Os defensores desse sistema não se importam com prosperidade, humanismo ou qualidade de vida (mesmo que digam que o contrário, na maioria das vezes, nas democracias, para ganharem votos para chegar ao poder). Seu único objetivo é implementar seu sistema de justiça socialista, independentemente das consequências que tal sistema irá causar. A economia planejada e a sociedade planejada do socialismo não procuram melhorar a vida dos seres humanos; é uma ferramenta para implementar a justiça socialista, cujo cerne é o igualitarismo.
O utilitarismo, em seu conceito tradicional de atingir um “bem maior”, é um conceito falho. Na verdade, o valor é subjetivo para cada indivíduo. O que é melhor para você pode não ser melhor para outra pessoa, mas vamos considerar a prosperidade como a base do utilitarismo, já que a maioria das pessoas parece ter esse conceito de quanto mais prosperidade, melhor. Por meio de uma perspectiva utilitarista, o socialismo falhou em dezenas de nações onde foi implantado, como Camboja, Venezuela, Rússia Soviética, Cuba, Irã, Coreia do Norte, Alemanha Oriental, China, Vietnã, Romênia, Iugoslávia etc.
Mas o mundo em que vivemos não é preto nem branco, é cheio de nuances, e também podemos observar que quanto mais um país passa a adotar medidas socialistas, ou seja, intervenções governamentais na economia ao invés de uma economia de mercado, mais pobre se torna esta sociedade. Mesmo que o PIB não seja uma fórmula perfeita, pois considera os gastos do governo nele, usemos o PIB per capita (PPC), pois nos dará um melhor entendimento de quanto dinheiro seria necessário para comprar os mesmos itens em dois países diferentes. Vamos analisar dois países vizinhos no continente europeu para este exemplo:
A França é mais pobre do que sua vizinha, a Suíça, quando observamos o PIB per capita (PPC) de ambos os países. Outra análise que pode ser feita é a Liberdade Econômica Geral entre a França e a Suíça. A França é um país muito menos orientado para o mercado do que a Suíça. Isso significa que os burocratas, legisladores e tecnocratas têm mais poder de interferir na produção econômica na França do que na Suíça, tornando a França mais pobre e menos eficiente que a Suíça.
O sistema socialista nunca foi criado para uma melhor eficiência, para aumentar a prosperidade dos indivíduos ou para reduzir os conflitos. Sempre se tratou de implementar este sistema de justiça em que as pessoas não terão diferentes “classes sociais”, onde os trabalhadores não serão “oprimidos” (segundo o pensamento socialista subjetivo) pela “burguesia”, os proprietários dos meios de produção – mesmo se para implementarem isso, uma opressão constante será necessária.
O mito da desigualdade
Os socialistas criaram esse mantra que é repetido inúmeras vezes sobre a desigualdade ser a questão de todos os males. Eles sempre ignoraram que o mundo se tornou um lugar menos miserável e que as pessoas começaram a viver melhor desde o advento da economia de mercado. Eles sempre consideraram a economia um jogo de soma zero, em que uma pessoa precisa perder para outra ganhar e que a única coisa justa a fazer é dividir o bolo por igual – um grande erro. Na verdade, a economia não é um bolo com tamanho limitado: é um bolo cuja massa cresce ou encolhe, uma vez que produzimos mais massa do bolo ou quando destruímos mais massa.
Para fazer o bolo crescer, temos que produzir mais bens e serviços que sejam úteis para nós. A utilidade, como dito acima, é subjetiva, não objetiva, pois, as pessoas têm necessidades diferentes, que são temporais, e a economia de mercado é a melhor forma de produzir mais dessa massa de bolo. Com uma economia de mercado, o bolo cresce e, como consequência, mais pessoas passam a ter mais bolo, mesmo que não seja dividido igualmente. Isso significa: em uma economia de mercado, haverá pobres e ricos, mas a diferença é que os pobres terão mais quantidade do bolo e, portanto, os ricos. Em um modelo econômico mais socialista, com menor liberdade econômica, a massa do bolo encolherá e o bolo será dividido de forma mais uniforme, mas todas as pessoas acabarão tendo menos quantidade do bolo, portanto, ficando mais pobres.
Para visualizarmos melhor a ideia, observe o seguinte quadro com duas sociedades hipotéticas:
Podemos observar que existem duas sociedades, a Sociedade Igualitária, onde os salários têm menos desigualdade e a Sociedade Orientada para o Mercado, com maior desigualdade salarial. Também pode ser observado nesse gráfico que as pessoas mais pobres na Sociedade Orientada para o Mercado são, na verdade, mais ricas do que as pessoas mais ricas na Sociedade Igualitária, em média, o que significa que a Sociedade Orientada para o Mercado é mais eficiente para criar riqueza e que a desigualdade não é realmente uma questão. Nos próximos parágrafos veremos outros exemplos, com dados reais.
A desigualdade de renda não está relacionada à pobreza e isso pode ser comprovado quando observamos o índice de Gini, a medida utilizada para a desigualdade econômica, para analisá-la. Quanto menor o coeficiente de Gini, maior a igualdade de renda dos cidadãos de um país em relação a seus salários. O índice de Gini mede até que ponto a distribuição de renda entre indivíduos ou famílias dentro de uma economia se desvia de uma distribuição perfeitamente igual. Um índice de Gini de 0 representa a igualdade perfeita e um índice de Gini de 100 representa a desigualdade perfeita.
De acordo com dados de 2016 do Banco Mundial, a Ucrânia (25) era o país mais igualitário da Europa, mas também era uma das nações mais pobres da Europa. Os Estados Unidos (41,1) são quase tão iguais quanto o Irã (40) e a Turquia (41,9), mas os cidadãos americanos são muito mais ricos do que a média dos turcos ou iranianos. A Libéria (35,3), uma das nações mais pobres do mundo, é quase tão igual quanto o Reino Unido (34,8).
Analisando esses dados, podemos observar que a prosperidade tem a ver com a quantidade de riqueza que está sendo produzida em um país, não com a distribuição uniforme da riqueza ou com salários iguais. E isso é algo que os socialistas ignoram. Na mentalidade socialista, é mais importante atingir o ideal de justiça socialista do que combater a pobreza para aumentar a qualidade de vida dos indivíduos.
O lado negro da justiça socialista
A justiça socialista é sobre impor uma sociedade planejada centralmente, onde todos serão iguais (mesmo que isso nem mesmo seja possível de ser alcançado), independentemente do resultado ou dos meios necessários para atingir esse fim. Historicamente, vimos que mesmo os genocídios se justificam para impor esse sistema totalitário. Karl Marx, um dos principais pensadores da ideologia socialista, acreditava que um conflito de classes era necessário para implementar tal sistema. Figuras como Lenin, Pol Pot, Stalin, Fidel Castro, Mao e várias outras figuras socialistas não se importaram em exterminar milhões de pessoas para conseguir isso.
Voltando à eficiência dessas sociedades sob os regimes socialistas, podemos ver que eles deixaram suas populações famintas, baixaram seus padrões de vida, em comparação com as nações não socialistas, trancaram-nos dentro dos países para que não pudessem escapar e os obrigaram a viver em constante medo e vigilância (jamais nos esqueceremos do muro de Berlim e as pessoas constantemente tentando escapar da Alemanha Oriental).
Na Rússia Soviética, como ocorre atualmente na Venezuela e em Cuba, as prateleiras dos supermercados vazias e os produtos escassos fazem parte da realidade. Ao mesmo tempo, a classe dominante, muitas vezes, vive com muito luxo. Como esquecer os Rolex de Fidel Castro, os super carros dos dirigentes supremos norte-coreanos ou os privilégios de Nicolas Maduro e sua família? Igualdade para uns, mas não para outros.
Nossas sociedades atuais não são o ideal do mercado livre, mas ainda são orientadas para o mercado. Isso significa que somos relativamente livres para trocarmos e produzirmos o que queremos, para servirmos uns aos outros (nós somos o mercado) e que as escolhas de produção não estão sendo feitas por políticos, burocratas ou tecnocratas – embora eles interfiram muito mais hoje do que eles o fizeram há 100 anos em muitos dos países ocidentais. Quanto mais orientadas para o mercado são nossas sociedades, mais somos livres para servirmos uns aos outros, trocando os bens que produzimos ou os serviços que podemos fazer.
Os países com uma economia mais orientada para o mercado possuem uma grande diversidade de produtos, bens acessíveis e não enfrentarão a escassez diária. As pessoas que vivem nessas sociedades mais livres desfrutam de vidas muito mais confortáveis do que as que vivem em economias socialistas ou economias menos orientadas para o mercado.