Pensamento crítico em tempos de teóricos da cumplicidade
O pensamento crítico é mais importante do que nunca em tempos em que o establishment acusa da Teoria da Conspiração as vozes que são contrárias aos seus interesses.
Teoria da conspiração é um termo da moda, mas agora está sendo usado contra qualquer um que se atreva a questionar uma narrativa dominante. Pessoas que estão preocupadas com certos eventos ou ideias estão sendo tratadas como hereges que deveriam queimar em uma fogueira se ousarem questionar o governo, a grande mídia, o mundo acadêmico, grandes corporações e outras autoridades.
Este artigo não é sobre endossar teorias da conspiração e negar sua existência; elas existem. Mas é importante lembrar o quão perigoso é se tornar um “teórico da cumplicidade”, ou seja, alguém que está disposto a aceitar qualquer narrativa que esteja sendo veiculada por qualquer tipo de “autoridade”, desconsiderando a veracidade de seu conteúdo.
Os seres humanos tendem a obedecer à autoridade, como foi demonstrado pelo psicólogo social Stanley Milgram em seu experimento de obediência: O Experimento Milgram. O experimento demonstrou que a maioria das pessoas simplesmente obedecerá e obedecerá às autoridades.
É improvável que a maioria das pessoas investigue as fontes de jornais, de corporações, de políticos etc. A maioria das pessoas não busca os dados de artigos científicos de fontes primárias, muitas vezes estão ocupadas demais lidando com outros problemas. Ao invés disso, eles simplesmente confiarão na interpretação dos dados pelas autoridades, como a mídia, cientistas, governos, verificadores de fatos etc., mas a maioria, de fato, nunca chegará perto das fontes para verificar quão precisas são e como verificar a interpretação dos dados é. Isso significa que vivemos em um mundo baseado na confiança. Confiamos em veículos de comunicação, políticos, corporações e outras autoridades.
Muito se fala em diversidade, hoje em dia, mas a diversidade de pensamento e de opinião está sendo ameaçada. Atualmente, estamos sendo empurrados para aceitarmos a ideia de que apenas uma narrativa pode ser correta, a narrativa oficial, endossada pelas autoridades ou autoridades autoproclamadas, como os fact-checkers – que têm verificado até mesmo opiniões, recentemente. Assim, a narrativa oficial se repete indefinidamente, como propaganda, por mais absurdo que pareça, não importando quantas perguntas fiquem sem respostas.
Algumas décadas atrás, as autoridades na Alemanha (o governo, cientistas e a mídia) estavam promovendo a eugenia nacional-socialista e várias outras teorias raciais falsas. Essas ideias acabaram nos campos de concentração e na Segunda Guerra Mundial. Na URSS, as campanhas de desinformação eram constantemente promovidas e os que discordavam eram severamente punidos. Em regimes totalitários que ainda existem, como China, Cuba e Coreia do Norte, campanhas de desinformação são promovidas pelas autoridades e há uma supressão massiva da verdade para construir uma retórica que será do interesse das delas, por exemplo, o trágico Massacre na Praça da Paz Celestial, que é fortemente censurado pelo governo chinês.
Não apenas os regimes totalitários espalham desinformação. Um dos maiores casos recentes em que as autoridades erraram foi em 2003, quando os EUA, sob o governo de George W. Bush, invadiram o Iraque, acusando o país do Oriente Médio de possuir armas de destruição em massa. Centenas de bilhões de dólares, provenientes dos contribuintes, foram gastos para financiar esta guerra e cerca de 460.000 vidas foram perdidas no Iraque de março de 2003 a meados de 2011, de acordo com uma pesquisa estatística publicada no PLOS (Public Library of Science) Medicine Journal. No final, nenhuma arma de destruição em massa foi encontrada, admitiu Charles Duelfer, o principal inspetor de armas da CIA no relatório final da CIA em 2005.
Quanta desinformação está sendo espalhada agora pelos governos, as mídias, as grandes corporações e os especialistas? Como podemos ver, historicamente, todos esses grupos podem falhar com a verdade simultaneamente e essas falhas ocorrem com frequência. Às vezes acontece por sua própria ignorância e incompetência, mas a desinformação também vem deles deliberadamente, para obter ganhos políticos e econômicos, por meio de projetos de lei que se transformam em leis e regulamentações que beneficiarão grupos específicos em detrimento da maioria da população.
Não podemos voltar aos tempos de Galileu Galilei, uma época em que o establishment determinava o que era a verdade, arbitrariamente. Um período sombrio em que fazer perguntas e apresentar teorias que poderiam abalar o status quo faria com que você fosse punido. Precisamos de liberdade de expressão e de pensamento para continuarmos avançando. A maior parte do nosso desenvolvimento, onde grande parte da população mundial saiu da pobreza, aconteceu nos últimos dois séculos, quando passamos a desfrutar de maior liberdade de associação, liberdade de pensamento, liberdade de criação e liberdade de empreendedorismo. Precisamos manter este sistema vivo, se quisermos ter prosperidade e paz. Um mundo cheio de tecnocratas e autocratas existiu antes e ainda existe nos lugares mais opressores do nosso planeta e em um mundo como esse só existe pobreza e tirania.