Idiocracia: da Ficção à Realidade
Idiocracia é um filme americano de comédia e ficção científica lançado em 2006. Segue Joe Bauers, um bibliotecário do Exército dos EUA, e Rita, uma prostituta, ambos selecionados, como as pessoas mais comuns, para participar de um experimento de hibernação do governo. O experimento dá errado, e os dois acordam 500 anos no futuro, apenas para descobrir que o mundo se tornou significativamente mais burro (já que as pessoas mais inteligentes tiveram menos filhos) e que agora são as pessoas mais inteligentes do planeta.
Entretenimento Popular e Incompetência
As pessoas que Joe encontra nesta nova sociedade vivem estilos de vida extremamente hedonistas, o que significa que colocam o prazer antes de qualquer outra coisa. Elas passam o dia inteiro consumindo programas de TV e filmes tolos e vulgares que os mantêm tão ignorantes quanto são.
Um caso claro de panem et circenses; significando pão e circo em latim, que pode ser definido como o “sustento e entretenimento fornecido pelo governo para apaziguar o descontentamento público”. Em outras palavras, quanto mais as pessoas são absorvidas por esse entretenimento barato, menos elas pensam no seu entorno e nas condições em que vivem, o que permite ao governo ter mais controle sobre a população. Esse controle é realmente bastante explícito no filme, pois a população é tratada como gado sendo tatuado e rastreado com um código de barras.
Muitas pessoas passam o dia inteiro assistindo Netflix ou rolando nas redes sociais e não pensam ou fazem mais nada. E, portanto, acabam ignorantes em muitos aspectos e incapazes de entender os problemas ao seu redor. Aquelas pessoas que não podem pensar por si mesmas são mais suscetíveis a seguir o governo cegamente.
Um exemplo claro desse controle por meio do entretenimento foi durante os lockdowns de 2020, quando as pessoas estavam muito ocupadas na frente da Netflix para perceber que estavam sendo mantidas em cativeiro em suas próprias casas pelo governo.
Claro, não quero dizer que assistir a filmes ou séries de TV seja um problema em si, mas é o excesso disso como qualquer outra coisa que é tóxico, especialmente se estivermos falando de entretenimento de baixa qualidade.
Uma consequência dessa ociosidade e consumo excessivo de entretenimento é que as pessoas não aprendem habilidades úteis e se tornam fracas e incompetentes. Joe e Rita se encontram em uma sociedade onde as coisas claramente não funcionam bem. A economia está em um estado terrível, e isso se mostra na forma de escassez de alimentos, desemprego, infraestrutura precária e tecnologia deficiente, embora ainda exista.
É algo que estamos a observar nas nossas sociedades, os jovens quase não sabem fazer nada, e começamos a ver na Europa uma escassez de pessoas com competências técnicas necessárias para uma sociedade funcionar bem, como electricistas, canalizadores, caminhoneiros etc.
Diminuição Mundial do Quociente Intelectual (QI)
Depois que Joe acorda de sua hibernação, ele começa a vagar por Washington D.C, onde encontra uma população que se tornou profundamente ignorante. As pessoas têm um repertório de inglês mais baixo, pois o idioma se deteriorou em uma mistura vulgar de gírias, e têm dificuldades para entender ideias que não são simplificadas demais.
Estudos mostraram que o efeito Flynn, que é o “aumento substancial e prolongado nas pontuações dos testes de inteligência fluida e cristalizada que foram medidos em muitas partes do mundo ao longo do século 20”, começou a reverter em muitos países desde a década de 1990.
Em outras palavras, estamos atualmente observando um declínio geral nas pontuações de QI, o que significa que as gerações atuais estão se tornando menos inteligentes do que seus pais e avós.
Além disso, os professores (incluindo no meu país de origem, a França), têm notado habilidades linguísticas mais fracas dos alunos nos últimos anos. Seus erros de ortografia e gramática estão aumentando, assim como o uso de gírias simplificadas.
Falhas da Democracia
Idiocracia mostra muito bem como a democracia acaba naturalmente com pessoas estúpidas no comando. Se você der o poder de escolha para todos, para uma população majoritariamente ignorante, eles vão escolher pessoas ignorantes que vão fazer uma bagunça na sociedade, e isso acaba em uma verdadeira ‘idiocracia’.
Algo que podemos observar em nossas sociedades atuais, como políticos wokes, em todo o mundo, que são extremamente ignorantes, estão destruindo nossas economias com inflação, interrupções nas cadeias de suprimentos e legislação absurda.
Outro resultado inevitável da democracia é a corrupção. O filme mostra um caso claro de corporativismo, já que a empresa de bebidas isotônicas Brawndo está usando os políticos para ter um monopólio total, que ela consegue até que Joe a desafia, pois até então a água é totalmente substituída pela bebida Brawndo, até as colheitas estão sendo regado com ela.
Novamente, o corporativismo está constantemente presente em nossas democracias, um exemplo são as empresas de tecnologia, que obtêm privilégios especiais do governo; como receber subsídios do dinheiro dos contribuintes, em troca de monitorar a população e controlar as informações conforme a vontade do Estado, o que também tem dado certo e o exemplo mais recente pôde ser visto recentemente através dos “Twitter Files” , vazados por Elon Musk após a compra do Twitter, mostrando agências do governo americano pedindo ajuda para controlar e manipular as informações para influenciar a opinião popular ao redor do globo e como o Twitter vinha cooperando com essas agências.
A decadência mundial é bastante alarmante, e se não queremos que nossas sociedades realmente acabem como neste filme, temos que espalhar conhecimento, e promover a liberdade de todas as formas que pudermos. Isso pode ser feito por meio da educação, ensinando aos nossos filhos ideias e habilidades importantes, mas também por meio da cultura, criando conteúdo, seja um filme, um programa de TV, um livro, uma música etc., que reflita ideias de liberdade. As pessoas não podem esquecer o quão importante é a liberdade e é nosso trabalho que isso não aconteça.