As raízes históricas da teoria podem ser rastreadas até a publicação da “Theory of Money & Credit” de Mises. O que Mises fez foi incorporar a teoria do capital desenvolvida por seu mentor Eugen Von Böhm-Bawerk, que até hoje continua sendo um elemento único que a distingue de outras teorias macroeconômicas de boom e colapsos. Os economistas neoclássicos tratam o capital (k) como um parâmetro em vez de uma variável. Da mesma forma, durante seus debates com Keynes, Hayek o encontrou (Keynes) ignorante da teoria do capital. ”Ele ignorava as várias fases da produção, as mudanças no valor do capital, considerava a substituição da estrutura de capital como certa e não percebia que, em última análise, a questão enfrentada pelos empresários não é se devem investir em bens de consumo ou bens de capital, mas se devem investir em bens de capital que renderão bens de consumo em uma data mais próxima ou posterior”* a explicação do boom que Keynes deu foi simplesmente a de ”Espírito Animal”. Hayek durante a última parte da década de 1920 introduziu o agora famoso Triângulo de Hayek, que era uma representação gráfica da estrutura de produção e os ajustes que ocorrem em sua estrutura de capital. Isso nos leva a outro aspecto único da TACE que é o elemento tempo, que é representado pela importância da taxa de juros para alocar recursos de forma eficiente. Ele determina se a produção será deslocada agora ou mais tarde, conforme a economia se torna mais intensiva em capital (capitalista). A poupança dos indivíduos nos garante um crescimento econômico saudável e sustentável, enquanto a expansão artificial do crédito pelos bancos centrais planeja as sementes para o boom e a queda. A representação gráfica a seguir nos mostra o que acontece com o mercado de fundos para empréstimos.
Mercado dos fundos para empréstimos

A nova taxa de compensação do mercado cai de P para P’. Com essa taxa de juros mais baixa, as empresas recebem o sinal para investir em projetos de longo prazo, comprando mais matérias-primas, contratando novos trabalhadores, assim, a competição por novos trabalhadores aumenta os salários, os investidores foram enganados, pois se houver mais economia do que realmente existe. Durante a fase de expansão, os trabalhadores são afastados dos estágios finais da produção para os estágios iniciais, à medida que os empresários presumem que a oferta de capital e a taxa de juros continuarão existindo para concluir seus projetos a tempo. Isso cria novos métodos indiretos de produção que precisarão de investimentos adicionais ao longo do tempo. Se isso fosse o resultado do aumento da poupança devido à menor preferência temporal, então não haveria problemas para que a nova estrutura de produção pudesse ser sustentada; no entanto, essa mudança se deve ao crédito inflacionário. Isso significa que os materiais de produção e o trabalho não aumentaram, tudo o que aumentou é o dinheiro em circulação.

Mas a expansão do crédito não pode durar indefinidamente, sabemos que o sucesso dos investimentos depende do desenvolvimento futuro dos mercados de capitais e da taxa real de juros*. A taxa de juros artificial mais baixa que produziu o boom logo cede a uma taxa real de juros mais alta*. O Crédito torna-se escasso e os empresários que se comprometeram em excesso disputam os recursos cada vez mais escassos. As falências agora são o resultado, o dinheiro do aumento no agregado não significa necessariamente um aumento da renda (em termos reais), mas provavelmente uma diminuição da renda real para os consumidores, conforme explicado pelo efeito Cantillon. O boom levou a distorções tanto no sistema de preços quanto no sistema de produção, ordens de produção mais altas foram desperdiçadas, provando que o boom foi um período de maus investimentos.

A fase de colapso é seguida pela liquidação dos ativos de capital e quando o mercado tenta reestruturar seus desequilíbrios de capital para se adequar às preferências reais do consumidor. Os trabalhadores são demitidos, aumentando o desemprego, o que significa renda mais baixa e queda da demanda agregada. Assim, temos uma recessão que nada mais é do que a tentativa do mercado de tentar alinhar mais sua produção com as preferências do consumidor.
Uma crítica comum à TACE é a questão de por que os empreendedores, mesmo os bem-sucedidos, são facilmente enganados pela expansão do crédito e não podem prever a quebra. No entanto, é importante saber que as empresas de alguns setores não têm como perceber que o aumento da demanda pelos produtos nas fases posteriores da produção foi ocasionado pela expansão do crédito. A teoria também enfatiza fortemente o papel da taxa de juros, quando manipulada pelos bancos centrais, ela leva a um aumento da oferta monetária nominal, então os sinais divergem das preferências dos consumidores. Empresários não sabem com certeza absoluta que a queda da taxa de juros foi provocada pela expansão monetária
Finalmente, a TACE não é uma teoria de superinvestimento, mas como Mises apontou, para o investimento inadequado. A essência do boom de expansão do crédito não é o superinvestimento, mas o investimento em linhas erradas, ou seja, mau investimento. Seus projetos são irrealizáveis devido à oferta insuficiente de bens de capital. O fim inevitável da expansão do crédito torna visíveis as falhas cometidas.” Os investimentos foram desviados para projetos que não eram lucrativos (custos mais elevados do que os preços de venda). Então, o que temos é superprodução de bens específicos e subprodução de outros.
Leitura recomendada:
Iniciantes
‘’Mises on money‘’ Gary North
‘’Where Keynes went wrong‘’ Hunter Lewis
‘’ Meltdown‘’ Thomas E. Woods
Intermediário
‘’The Austrian theory of the trade cycle‘’ Edited by Richard Ebeling
‘’Monetary kaleideics‘’ Michael Hoffman
‘’A Grande Depressão Americana‘’ Murray Rothbard
Especialista
‘’Microfoundations and Macroeconomics: An Austrian Perspective’’ Steve Horwitz
‘’Time and Money: The Macroeconomics of Capital Structure‘’ Roger Garrison